As crianças e a água!

Numa altura em que muitas de vocês ainda vão de férias, fazem fins-de-semana prolongados em locais com piscinas, praia, etc. nunca é demais lembrar alguns cuidados com as nossas crianças para que tudo corra pelo melhor!
Com a ajuda da Enf.ª Ângela Baptista deixo-vos alguns conselhos para que aproveitem ao máximo e em segurança o tempo em família 🙂


Texto da Enf.ª Ângela:

Os tempos que vivemos condicionados pela pandemia do COVID 19 vieram impor alterações a hábitos das famílias nos Verões: idas a praia, piscinas em espaços públicos. Denotou-se com isso uma verdadeira corrida “louca” à compra de piscinas assistindo-se a várias alternativas; piscinas em pequenas varandas, nos terraços e quintais, tudo para proporcionar às crianças a diversão e refresco desejado, tentando o equilíbrio entre a proteção e o lazer. O medo de contágio do COVID 19 instaurou-se e esta foi uma das soluções encontradas pelas famílias.

A verdade é que é tempo de sol, praia…piscina…para as nossas crianças este ambiente é uma animação, as brincadeiras na água são para a maior parte das crianças um ambiente mágico… Mas atenção! Venho falar-vos de uma realidade que muitas vezes passa despercebida – a morte por afogamento! Piscina, mar, lagos, tanques, alguidares, baldes da esfregona, poças de água e até água das floreiras… são todos locais de possíveis afogamentos para as crianças, sabiam?

Nos últimos 16 anos ocorreram 247 mortes por afogamentos em crianças sendo que por cada morte podemos correlacionar 2 internamentos, dando um total de 586 internamentos. Considerando os últimos 6 anos, o maior número de internamentos por afogamento ocorre entre os 0 e os 4 anos e as mortes entre os 15 e os 19 anos. Apurou-se que 66% dos afogamentos acontecem em rapazes. Quanto aos locais, as piscinas são onde ocorrem mais afogamentos. Apesar dos números terem vindo a melhorar, havendo uma redução para 64% do número de mortes, é importante conhecer os riscos associados aos ambientes aquáticos.

O risco torna-se maior quanto mais pequena é a criança. Isto está relacionado com as características do desenvolvimento do bebé. Com 8 meses um bebé já gatinha, no entanto, não tem capacidade de se salvar de uma situação de afogamento em que esteja com a cara numa simples poça de água. Por outro lado, com o aumento da idade vem a vontade de arriscar…de sentir a aventura, o aumento da confiança e aí acrescem os comportamentos de risco.

Cuidado e vigilância nunca são demais.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria as crianças com idade inferior a quatro anos não possuem desenvolvimento motor e maturidade que as ajude na promoção da segurança na água (sobrevivência se necessário).

Qual o nosso papel?

Sensibilizar as nossas crianças para a segurança na água e adaptação ao meio aquático e adotar comportamentos preventivos:

Um ano de idade será o ideal para iniciar a prática . Poderá ser difícil definir uma idade específica, pesando vários fatores. Será importante avaliar o desenvolvimento individual de cada criança e relembrar que uma criança NUNCA deve ficar sem vigilância.

  • É importante que as crianças aprendam a nadar, mas atenção que dominar técnicas de nado é diferente de adaptação ao meio líquido.
  • Educar a criança a não estar sozinha na água, manter-se perto das margens e conhecer e cumprir a sinalização existente.
  • Ter preferência por praias e piscinas vigiadas.
  • Utilizar auxiliares de flutuação adequados e bem colocados, que em caso algum substituem a vigilância de um adulto.
  • Lembrar que as boias e colchões insufláveis são brinquedos e não são equipamentos de proteção, podendo tornar-se perigosos.
  • Colocar uma barreira física que condicione o acesso da criança à água. (vedações nas piscinas, tampas no poços…)
  • Por segurança, despejar baldes, alguidares que contenham água, assim como pequenas piscinas deixando-os guardados ou em posição invertida.

Nesta situação, e em muitas outras, é importante, que os educadores (pais, avós, educadores de infância…) dominem as técnicas de reanimação pediátrica. Convido-vos a fazer uma sessão do B Á BÁ do Bebé em família sobre este tema, que tal?

Consultas úteis:

Recomendações para colocação de vedações em piscinas (http://www.apsi.org.pt/images/PDF/Noticias/APSI-Recomendacoes_vedacoes-2016.pdf) , ou as recomendações para escolha de coletes salva vidas e braçadeiras (https://www.apsi.org.pt/images/PDF/Noticias/APSI-Recomendacoes_auxiliares_flutuacao-2016.pdf.) Ambos documentos que sugiro leitura.

Estavam alerta para esta realidade? É um tema que vos faz pensar?

Deixem as vossas impressões!

Ângela Baptista – Mestre em Saúde Infantil e Pediatria

b_a_badobebe@hotmail.com

Facebook: Enf Ângela Baptista Instagram: #enfangelabaptista

Fontes principais: – APSI – Afogamentos em Crianças e Jovens – atualização julho 2019
content/pediatrics/early/2010/05/24/peds.2010-1264.full.pdf

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